Sempre fui o tipo de pessoa que queria abraçar o mundo. Quando me converti, isso se fez ainda mais intenso dentro do meu coração: queria poder ajudar em todos os ministérios, queria poder acolher todos aqueles que chegavam, me preocupava com cada mínimo problema que aqueles na minha volta estivessem enfrentando.

Não apenas dentro da Igreja, mas fora dela também: queria poder ter uma carreira de sucesso no meu trabalho, uma vida acadêmica exemplar na faculdade, fazer tudo aquilo que eu gostasse, estar presente para a minha família e em todas essas coisas glorificar o nome de Deus. E será que tem algo de errado em todos esses desejos? É claro que não!

Mas será que é mesmo possível equilibrar todas essas coisas? Será que, na verdade, Deus deseja que consigamos dar conta de tudo isso? Na última semana, enquanto algumas ansiedades tomavam conta do meu peito, conversei com um amigo que me disse a seguinte frase: “às vezes precisamos ser mais filhos do que servos”.

Aquilo me deixou profundamente incomodada por duas razões: a primeira delas é que, em todo esse tempo, não parecia que tinha deixado de me ver como filha. A segunda, é que por mais que aquilo parecesse fazer sentido, eu não conseguia compreender muito bem o que ele estava querendo me dizer. Naquele mesmo dia, abri a Bíblia e me deparei com duas passagens muito famosas. A primeira delas era a do filho pródigo (Lucas 15.11-32) e a outra, a história de Marta e Maria (Lucas 10.38-42). Quando li estas passagens, logo entendi o que meu amigo estava querendo me dizer: eu estava sendo exatamente igual a Marta e ao filho mais velho, gastando todo meu tempo ‘arrumando a casa’ e ‘trabalhando para o meu pai’, enquanto perdia a boa parte e deixava de aproveitar a presença do Senhor.

Não há nada de errado em gostar de servir, pelo contrário, é essencial que tenhamos um coração de servo; não há nada de errado em desejar uma grande carreira ou uma excelente vida acadêmica, mas isso não é o que realmente importa. O que verdadeiramente importa, e o que Deus quer de nós, é que possamos viver uma vida de inteira devoção a Ele, é que possamos conhecê-lo e nutrir um relacionamento de intimidade com Ele.

Todas as demais coisas, tanto o servir quanto aquilo que desejamos conquistar nessa vida terrena, são apenas consequências de um relacionamento profundo e real com o Senhor. Precisamos então, de maneira prática, atentar para aquilo que temos feito, perceber se não passamos mais tempo arrumando a casa e preparando a refeição, do que sentados aos pés de Jesus escutando aquilo que Ele tem para nos ensinar.

Assim como o filho mais velho, na parábola do filho pródigo, vivemos junto ao Pai e tudo que Ele tem, nós também temos, mas por focarmos tanto no trabalho e na perfeição com que devemos executar cada uma das tarefas que nos aparecem, esquecemos de sentar à mesa e apenas cear. Termino então, com um convite para que possamos meditar e refletir sobre nossas atitudes e as intenções de nosso coração, afinal, todas as coisas que fazemos, por mais significativas que sejam, perdem a importância quando nossos olhos não estão fixos nAquele para quem tudo converge e foi feito.

Write a comment:

*

Your email address will not be published.

Top ↑