Há poucos dias me deparei com uma frase no Instagram que dizia assim: “você escuta para compreender ou responder?”. Essa pergunta, de autoria desconhecida, ficou martelando na minha mente durante um bom tempo. Comecei então a refletir sobre minhas condutas, o modo como tenho escutado aqueles que estão a minha volta, e também, sobre o que tenho visto nos ambientes em que frequento.
Vivemos em uma sociedade agitada, os momentos de absoluto silêncio são raros. Podemos rolar o feed das nossas redes sociais e nos depararmos com um texto curto explicando o versículo que gostamos, um vídeo de 5 minutos sobre os malefícios da ingestão de açúcar, ou até mesmo, um post dinâmico e colorido com os assuntos mais comentados da semana. Não é difícil acreditarmos que sabemos muito sobre tudo, quando na verdade o que temos, nada mais é, do que um conhecimento raso sobre muitas coisas.
E aonde isso nos leva? Quando acreditamos saber tudo, não precisamos escutar mais nada. Lendo o livro de Provérbios, me deparei com diversos versículos alertando-nos sobre o perigo de não refrearmos nossa língua (Provérbios 10.19, 10.31, 11.12), ou seja, de falarmos tudo aquilo que desejamos sem pensar nas consequências. Associando com essa reflexão, acredito que um dos primeiros sinais que deixamos escapar quando acreditamos saber tudo, e não queremos ouvir o outro, é falarmos sem parar, para que este não tenha espaço e nos “perturbe” com suas ideias e opiniões.
Apesar de apontar isso tudo como um problema de convivência social, desejo refletir sobre como estamos nos relacionando com o Senhor. Será que temos demandado tempo o suficiente para escutá-lo e compreender aquilo que Ele tem a nos dizer, ou apenas falamos tudo aquilo que desejamos e buscamos ouvir apenas o que nos agrada?
Relacionamentos demandam que tenhamos a capacidade de ouvir o outro e compreender aquilo que ele deseja e pensa sobre as coisas. Com Deus não é diferente, fomos criados para glorificar o Seu nome e realizar Seus propósitos aqui na terra, precisamos estar muito mais interessados em ouvi-lo do que estamos em qualquer outra coisa. Mas de que forma é possível construirmos esse relacionamento, buscando e estando dispostos a escutá-lo, antes mesmo de nossos próprios interesses? Sendo vulneráveis e humildes.
Precisamos chegar diante do Senhor como servos, dispostos a aprender e compreender aquilo que Ele deseja para nós; perguntando de que forma podemos contribuir para que Seu reino cresça e Sua vontade seja feita. Precisamos nos desvencilhar da cultura emergente que grita “eu-sei-de-todas-as-coisas” e nos prostrarmos como seres que nada sabem, diante dAquele que detém e é a fonte de toda a sabedoria.
Quando oramos e conversamos com o Senhor, nossa natureza muitas vezes nos leva a despejar diante dEle todas as nossas vontades, nossos desejos e frustrações; e não, não há nada de errado nisso, essa também é a “função da oração” (1Pedro 5.7). Contudo, é preciso que tenhamos um momento onde consigamos calar nossos próprios problemas e preocupações para nos atentarmos a Sua voz e a Sua palavra; um momento onde sejamos capazes de ver a pura resposta do Senhor, fora das lentes que nosso egoísmo e nossos desejos acabam criando.
Jesus, ao final de diversos dos seus ensinamentos falava: “Aquele que tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Mateus 13.9). Ele queria que estivéssemos atentos, que usássemos a capacidade que nos foi dada. No versículo 16 de Mateus 13, Jesus ressalta aos apóstolos como são felizes seus ouvidos, pois podem escutar as palavras dEle. Que tenhamos humildade suficiente para chegarmos diante de Deus agradecendo porque podemos ouvi-lo e pedindo que, desta forma, Ele possa nos ensinar e revelar suas vontades.
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