“Cancelar” alguém é uma expressão que tem sido utilizada com frequência nos últimos meses. Pessoas são canceladas, empresas e até mesmo o ano de 2020. Com certeza você já ouviu ou leu algo relacionado a isso – “Cancela 2020 e pula pra 2021”. Apesar do humor, a chamada “Cultura do Cancelamento” surgiu com o propósito de denunciar atitudes consideradas erradas, utilizando as redes sociais. Pela velocidade das informações, rapidamente o engajamento é enorme e aquilo que estava “anônimo” se torna conhecido pelo mundo todo.
A expressiva utilização desses termos foi tanta que a palavra do ano de 2019 escolhida pelo dicionário Macquarie foi “Cancel Culture”, em português, “Cultura do Cancelamento”. Mas o que foi criado com boas intenções e ajudou a denunciar casos graves, agora tem sido banalizado. O risco de “cancelar” qualquer pessoa que pensa diferente de mim e de cometer injustiças é muito grande, e já aconteceu com famosos e até anônimos. Compartilhar coisas que você nem sabe se é ou não verdade ajuda a notícia a tomar proporções astronômicas.
O grande problema é que preferimos acreditar naquilo que pensamos estar certo, e que de certa forma, satisfaz a visão que temos do mundo. Não ouvimos os lados, não buscamos a verdade. Passamos a procurar, então, somente o que concorda com nossos ideais – o que é perigoso, pois nesses casos, não há tolerância alguma a ser desenvolvida.
Esquecemos que são as opiniões diferentes que nos fazem crescer, que nos obrigam a exercitar a escuta, a compreensão e a estabelecer diálogos. Relacionar-se somente com os que pensam igual a você não te traz nenhum desafio, só te deixa confortável, engrandece o ego e dá a sensação de superioridade, já que da nossa visão, estamos sempre certos.
A Bíblia, na sua maravilhosa composição, nos apresenta uma história de “cancelamento” na vida real de muitos anos atrás. O rei Salomão, filho de Davi, era muito rico e sábio. Ele teve paz no durante seu governo e fez muitos acordos com diversas nações da época. Quando Salomão faleceu e Roboão (que era o herdeiro) assumiu o trono, o povo pediu para que os impostos fossem diminuídos.
Roboão ouviu os conselheiros de seu pai, que disseram que ele deveria ouvir a população e baixar os impostos, pois eles seriam leais a ele até o final de sua vida. O rei também decidiu ouvir seus amigos, que tinham crescido com ele; eles aconselharam Roboão a aumentar os impostos e não ceder aos pedidos do povo. O reinado que tinha tudo para ser de paz e bem sucedido, acabou com um reino partido em dois e tribos divididas. O rei escolheu ouvir seus amigos e ignorar o que os mais velhos tinham a dizer a ele.
O filho de Salomão “cancelou” os conselheiros de seu pai e o resultado foi o fracasso do reinado. Deus usa pessoas que pensam diferente de nós para nos ensinar e corrigir;
Por vezes são mais velhas e autoridades sobre nossa vida. Não despreze os conselhos porque alguém pensa diferente ou falou algo que você não gostou; coloque-os diante do Senhor e ore por sabedoria. Que possamos aprender a ouvir e pensar bem antes de “cancelar” as pessoas – na vida real e no virtual.
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